Tentando levantar

 Gosto muito de escrever, tinha me esquecido como escrever sempre foi importante pra mim. Eu costumava escrever em diários, mas por um tempo eu deixei de lado e parei, também escrevia poemas, tentava compor músicas ( kkkk), escrevia aqui no meu blogge ( ninguém mais lê blogge hoje em dia), melhor pra mim kkk.

Mas em fim, estava lendo um diário meu de 2019 até 2023, e lendo esse diário eu pude ver a queda da minha saúde mental, e a dependência emocional a qual eu me encontrava e não percebia, mas essa queda já tinha começado a muito tempo antes, bem lá em 2010.

Lendo meu diário, vi que passei por momentos e situações as quais eu me submeti que eu não precisava passar, não precisava mesmo, tudo em nome do ´´amor´´; me deixei ser humilhada, iludida, negligenciada, me deixei ser segunda ou até mesmo última opção.

A verdade de tudo é que alguma coisa no meu subconciente me dizia que eu não chegaria a lugar nenhum naquela história, e ao mesmo tempo outra coisa dentro de mim, me dizia que o meu sonho de amor um dia seria realizado, só bastava ter paciência e esperar.

E foi esperando que quase 15 anos da minha vida passaram e eu nem vi, não vi minha vida passar porque eu estava muito parada, parada perante a minha própria vida, e vivendo a vida de outra pessoa que estava nitidamente ( só eu não enxergava) vivendo a sua própria vida.

E enquanto isso, minha saúde emocional e minha saúde física iam sendo prejudicadas; Comecei uma dieta com jejum intermitente porque eu achei que se ficasse mais bonita... busquei melhorar meu jeito de falar( não falar gírias), busquei melhorar minha alimentação, minha postura, minha vestimenta, meu cabelo... tudo que agradasse... e fui me perdendo de mim mesma.

Em certos pontos do meu diário pude ver que eu já estava pedindo socorro pra mim mesma, mas não entendia, não escutava as minhas próprias palavras, até que parei de escrever. E ai na última escrita eu já tinha percebido que estava doente, mental e fisica.

A dor sentimental se tornou real ( psicomátização) adquiri hipotiroidísmo, trantorno de ansiedade, e depressão... cabelo caindo muito, muitas dores de cabeça, nó na garganta, dor no estômago, falta de ar, insônia, muita insônia Jesus, noites e noites em claro, chorava sem saber porque, não conseguia conversar com ninguém sem chorar, fora o ganho de peso.

Uma irritabilidade enorme tomou conta de mim, tudo me incomodava, o barulho do mundo me deixava incomodada, motos, carros, buzinas, cachorros latindo, som alto, pessoas conversando, pessoas rindo; E trabalhar com atendimento ao público só deixou tudo mais difícil, todo mundo que chegava perto de mim me deixava como se eu estivesse sendo torturada o tempo todo, eu só queria me enfiar embaixo da minha coberta e não sair mais de lá.

Um dia eu estava tão perturbada e chorando, e uma consulta com minha ginecologista ( que infelizmente não atende mais pelo sus) se tornou uma sessão de terapia, e eu não conseguia parar de chorar, dizia a ela que estava com medo de ficar louca, porque minha mente me bombardeava com pensamentos que eu não conseguia controlar, e que parecia ter uma banda só de bateristas na minha cabeça.

Tadinha, ela ficou tão comovida com a minha situação, que começou a chorar junto comigo, e começou a me dizer coisas sobre a vida dela, assim me acalmando; Além do exame ginecológico ela me passou uma receita de antidepressivo ( sempre tive preconceito com remédios psiquiátricos), tomei por um tempo, deu nem tempo de fazer algum efeito, e já parei, porque minha cabeça me dizia que eu não precisava daquilo.

Resumindo bem resumido, voltei a tomar o antedepressivo( já sem nenhum preconceito), hoje faz quase um mês, depois de epsódios de irritabilidade, insônia, e outros fatores, coloquei na minha cabeça que preciso de ajuda, mas por enquanto buscando alternativas ( sem envolver outras pessoas), deletei minhas redes sociais, comecei a ler livros ( O demônio do meio dia e o poder do agora), pretendo ler 2 livros por ano, ou mais, todo mundo deveria ler.

Comecei a cuidar da minha alimentação, sem muita pressão, e comecei a caminhar na praça, também sem muita pressão, só 30 minutos dia sim e dia não, porque eu sei que se eu tentar ir mais além agora, eu vou desistir.

Me livrei da dependência emocional ( graças a meu bom Deus), o engraçado que foi num dia que olhando pra ele sentado na cadeira no meu quarto, eu entendi que alí deveria ser o fim daquela história, que foi sim, uma história bonita até certo ponto, e como se um estalo tivesse me tirado de um estado de transe e me trazido de volta, cheia de sequelas, feridas profundas, totalmente perdida, e sem vida.

Hoje medicada e dando pequenos passos a reconstrução da minha vida, procuro não pensar em nada relacionado ao passado( o que é muito difícil), quando começo a ter lembranças eu já tento me dispersar e fazer alguma coisa, com relação ao meu trabalho, eu saí de uma empresa e fui pra outra, e passei pro turno da noite, pra ter o mesmo de interação social possível, o que acabou sendo bom.

Minha mente ainda segue sensivel a barulhos extremos do mundo, mas o barulho de chuva e natureza me ajuda a refugiar, não digo que tenho esperança, porque foi a esperança que me trouxe até onde estou, ( esse lance de ´´ a esperança é a última que morre, é uma farça, você morre e a esperança continua lá), mas tentando viver o agora, um dia de cada vez, sem ansiar e nem pensar no que passou.



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